TEDxKids em Lisboa
Dar a palavra às crianças
O programa de conferências TED (Tecnologia, Entretenimento e Design) realiza pela primeira vez em Portugal uma edição para os mais novos. “As crianças tomam a palavra” na segunda-feira, dia 25 de Fevereiro, no Museu da Electricidade, em Lisboa, das 9h às 17h.
O TEDxKids@Central Tejo pretende ser “mais do que um evento de conferências”, diz Marta Gonzaga, da organização. Por isso a própria assistência foi envolvida nos trabalhos, respondendo ao desafio prévio de transformar uma mala La Ga Bag, do designer Jorge Moita, e garantir assim a sua presença no encontro.
Videojogos, artes, astronomia, escrita, YouTube, humor são alguns dos temas que ocuparão a manhã. Também se tentará responder às questões: como será a escola no futuro? Há monstros debaixo da cama? É preciso marcar na agenda o tempo para brincar?
À tarde, as crianças e jovens poderão participar em três oficinas: Street art – online kids tour (por André Gonzaga), Iniciação à robótica (por André Almeida e Guilherme Martins) e Cria jogos, histórias e animações com o Scratch (por João Namorado). Os participantes vão ainda visitar a mostra Riso: Uma Exposição a Sério, das Produções Fictícias em parceria com o Museu da Electricidade.
Para Marta Gonzaga, o TEDxKids “é um processo de uma nova cultura, em que as crianças se fazem ouvir e os adultos ouvem-nas mesmo”. O Life&Style ouviu quatro, mas não propriamente crianças: Tiago Moura, 13 anos; Hugo Fontainhas, 13; Henrique Gil, 15; e Diogo Fontainhas: 17. Em comum, o apoio incondicional das famílias e a atitude de que é preciso acreditar, fazer, mudar.
Henrique Gil, actor
Tem 15 anos, representa desde os cinco e integra o grupo de teatro infantil AnimArte (que tem em cena a partir de 22 de Fevereiro e até 16 de Março a peça Filhos do Coração, o Espectáculo, no Tivoli, em Lisboa).
Faz parte do elenco da telenovela Dancin' Days e quer mostrar aos mais pequenos no TEDxKids que profissões no teatro, na música e na televisão não são inatingíveis. “Com trabalho, com querer e ambição, podemos fazer tudo o que quisermos. Para termos sucesso, temos de criar as nossas fórmulas e a nossa própria sorte. Se soubermos o que queremos e nos focarmos, torna-se mais fácil.”
Henrique Gil gosta da escola e de aprender coisas novas, mas mudava o sistema de ensino, com “professores mais motivados e alunos mais empenhados”. Mudava também o primeiro-ministro de Portugal. Escolhia Marcelo Rebelo de Sousa.
Tiago Moura, escritor
Com 13 anos, já escreveu dois livros, Crime no Hotel e Os Três Casos (Chiado Editora). Além de escritor, gostava de ser músico e realizador. Frequenta a Escola de Música do Conservatório Nacional (toca guitarra) e aos sete anos fez uma curta-metragem. Disse ao Life&Style que no seu próximo livro as personagens vão todas “cair num buraco”. Gosta muito de contar histórias.
Na conferência, falará do seu “curto percurso literário” e da concretização de sonhos. “Quando queremos verdadeiramente algo, não ficamos de braços cruzados, trabalhamos para isso e acaba por acontecer. Devemos fazer o que gostamos e nunca desistir.” Mudava hoje, no mundo, a pobreza, o terrorismo, a crise. Sente que “a qualidade de muitas coisas está a diminuir, as pessoas estão um pouco em baixo”. Daqui a dez anos, vê-se como escritor, músico e realizador. “É arriscado. Mas pretendo dedicar-me inteiramente às três [actividades].”
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Hugo e Diogo Fontainhas, criadores do UltraBug no YouTube
Com 13 e 17 anos, Hugo e Diogo Fontainhas são criadores de um canal no YouTube dentro da comunidade portuguesa de videojogos, os UltraBug. Recentemente tornaram-se parceiros da Machinima.
Diz o mais novo: “Venho mostrar o extenso mundo que há por trás do YouTube: um mundo de relações e comunidades.” Hugo imagina-se, daqui a uns anos, “a ser um programador profissional e, como hobby, youtuber”. Um dos seus sonhos é “fazer vídeos para o YouTube por simples divertimento”. Se pudesse mudar alguma coisa no mundo hoje, era “a política portuguesa, os políticos portugueses”.
Diz o mais velho: “Vamos apresentar um canal de videojogos e transmitir uma ideia, que está presente cada vez que montamos um vídeo, e que é o de fazer as coisas por nós próprios e com gosto.” Para Diogo, é fácil trabalhar com o irmão, “às vezes há alguns conflitos, um certo ‘picanço’, como com todos os irmãos, mas geralmente corre tudo bem”.
Imagina-se a trabalhar com Hugo no futuro: “A profissão que queremos seguir, pelo menos por agora, é a mesma. Eu depois gostaria de fazer uma especialização em videojogos.”
O que mudava hoje, se pudesse, seriam os layouts do YouTube: “Estão constantemente a mudar e vão cada vez para pior.” Diogo diz que vai tentar encorajar a audiência que o estiver a ouvir, na segunda-feira, a realizar os projectos que tenham em mente. No YouTube ou fora dele.
Estas e outras crianças tomam a palavra na próxima segunda-feira, dia 25 de Fevereiro, no Museu da Electricidade, em Lisboa, das 9h às 17h.