Mercado de Natal da revista Monocle

A Vida Portuguesa leva Chocolates para Turistas para Londres

Nos anos de 1930 a Regina lançou uma linha de chocolates com imagens da Costa do Sol, para vender o glamour do turismo em Portugal. Recuperados por Catarina Portas e a Imperial, vão estar em Londres, no mercado da revista Monocle, onde A Vida Portuguesa é uma das 15 lojas convidadas.

Catarina Portas partiu para Londres e levou na bagagem chocolates da Regina com imagens da Costa do Sol e xaropes de tangerina, erva-príncipe e chá verde Gorreana – os novos produtos que A Vida Portuguesa está a lançar vão representar a loja no mercado de Natal da revista Monocle

O mercado realiza-se na Midori House (1 Dorset Street, Marylebourne), nos dias 1 e 2 de Dezembro (entre as 11 h e as 17h), na capital britânica – e A Vida Portuguesa está entre 15 lojas de todo o mundo convidadas pela Monocle, uma revista sobre estilo de vida, cidades, e o soft power dos países.

A loja está desde há bastante tempo entre as preferências da revista que, em 2009, distinguiu Catarina Portas como uma de 25 personalidades que mereciam “um palco maior”. O projecto foi também referido no número que a revista dedicou à Lusofonia, no qual defendia a ideia de que o português é “a nova língua do poder e dos negócios”. 

Aproveitando a oportunidade de, durante um fim-de-semana, estar em Londres, Catarina Portas vai apresentar estes dois novos produtos. Os xaropes são três sabores diferentes que se somam aos que já existiam, de groselha e capilé. Os chocolates são uma novidade completa. E uma história que vale a pena conhecer. 

Tudo começou com os rótulos. “O primeiro rótulo [dos Chocolates para Turistas] da Regina que comprei foi na Feira da Ladra”, conta. Mais tarde, encontrou outro numa exposição da colecção da Maria Proença, no Centro de Artes Culinárias, no Mercado de Santa Clara, em Lisboa, e, finalmente, descobriu que a sua amiga e olisipógrafa Marina Tavares Dias tinha na sua colecção vários destes rótulos dos anos de 1930 e 1940. 

São imagens de glamour de turistas nas praias da Costa do Sol, algumas delas assinadas pelo aguarelista Alfredo de Morais (1872-1972). Catarina levou-as à Imperial, actual proprietária da Regina, e propôs-lhes uma parceria. Os responsáveis da Imperial gostaram da ideia, e o resultado são três tabletes de chocolate que recuperam as imagens dos anos de 1930 e 1940 – uma tem uma vista do Estoril (e é da autoria de Alfredo de Morais), outra tem uma banhista, e a terceira, um casal a conversar encostado à amurada de um barco. 

“Era o tempo em que o Estoril estava a lançar-se como destino turístico e a tentar construir a sua fama lá fora” – e daí as imagens de destino paradisíaco. E porquê um chocolate para turistas? Catarina não tem uma explicação, mas recorda que viu um outro chocolate com essa designação numa chocolataria em Nápoles, o que a leva a pensar que poderá ter sido uma moda em alguns países. A embalagem diz “delicioso chocolate confortável para os turistas”. Será por ser em forma de tablete?, interroga-se. 

Por esses anos, a fábrica da Regina, em Alcântara, vivia um período áureo, e a marca gozava de enorme prestígio. A fábrica acabaria por falir e fechar nos anos de 1990 (sendo mais tarde comprada pela concorrente Imperial, actual líder de mercado), mas o prestígio não se perdeu. “É uma marca tão forte na cabeça das pessoas que quando a Imperial começou a reeditar os produtos Regina, em poucos anos estes passaram a representar 50% das vendas”, conta Catarina. “E as pessoas lembram-se até de produtos que nunca existiram. As amêndoas da Páscoa da Regina, que são um sucesso de vendas, são um produto novo, mas as pessoas dizem ‘ai que bom, voltaram as amêndoas da Regina’”.

O acordo agora estabelecido entre A Vida Portuguesa e a Imperial prevê que os Chocolates para Turistas não sejam comercializados pela grande distribuição. Serão vendidos em confeitarias, lojas em locais turísticos, A Vida Portuguesa e os Quiosques de Refresco, que também pertencem a Catarina Portas.

E, durante o primeiro fim-de-semana de Dezembro, em Londres. A Monocle pediu a Catarina que levasse produtos para comer e beber e ligados ao Natal. Assim, quem for à Midori House vai poder experimentar os novos xaropes e bolo-rei. E ainda conhecer (ou reencontrar) as andorinhas Bordalo Pinheiro, os sabonetes Ach Brito e Confiança, os cadernos Emílio Braga e Serrote, os Lápis Viarco e as Mantas Alentejanas. São produtos que despertam nostalgia nos portugueses, mas que funcionam igualmente bem com os estrangeiros, garante Catarina. É por isso que espera, no final da venda, contactar revendedores para que alguns destes produtos passem a ser presença permanente em Londres.