Há algumas colecções que, pelo exagerar das formas (Louis Vuitton, Comme des Garçons), nos dizem algo sobre acção-reacção: anos de skinny, do rock luxo Balmain, geram formas arredondadas, silhuetas abafadas mas livres, que depois vemos em versão depurada nos arredondados dos ombros (em contraste com os ombros pontiagudos da mesma Balmain, por exemplo, estilizada pela directora da Vogue Paris Emmanuelle Alt) de Ackermann, McQueen, Viktor&Rolf ou mesmo Calvin Klein.

O vil metal é coisa que não foge das nossas mentes e, para aquecer o corpo em tempos sem altas temperaturas, há metal q.b. numa tendência que vive em modo eterno retorno, já que o militar, a inspiração nos uniformes e o corte e os botões e os tons e tudo e tudo... não desapareceu há muito e regressa, sobretudo às lojas mais acessíveis, para a época 2012/13. Também nos protege, é certo, mulheres de armas a fazer lembrar (e muito) o efeito Stieg Larsson. Lisbeth Salander, a hacker delgada da trilogia Millenium, influenciou e muito os looks do Inverno, à boleia do filme de David Fincher e do estilo de passerelle da recém-descoberta Rooney Mara, a actriz que levou um pouco de Lisbeth consigo para a passadeira vermelha. E há um novo gótico, que tem toques de Florence Welch (que inspirou os seus "amigos" Riccardo Tisci na Givenchy ou Lagerfeld na Chanel), com a omnipresença de criaturas sombrias na nossa cultura popular (pense em vampiros, lobisomens, zombies e afins). O gótico, em mistura com o punk, já tinha emergido como tendência de passerelle há um punhado de anos, ganhando agora novos contornos, mais românticos graças às rendas, aos decotes, às penas e aos veludos e sedas.

E o negro, claro, porque o preto é o novo... preto. Novidade, novidade são mesmo os estampados, que agora se querem totais. Não se trata de combinar um estampado gráfico com um floral e considerar a batalha ganha. É uma questão Prada e Miu Miu: sejam adornados com cristais geométricos ou estampados de 1970, o que interessa é que nos cubram na íntegra (em fatos de calça e casaco, toques masculinos). Camuflando, mas sem vergonhas, como usar branco dos pés à cabeça no meio da neve (outra tendência, sem a neve) ou como passarinhar pelo Oriente com um vestido Proenza Schouler ou um fato Dries Van Noten. E por falar em cores, o azul noite e o vermelho bem carmim estão também em alta.

E por fim, mas não por último, a tendência que é mais ostensiva e com potencial grande de passagem para a high street: o barroco do brocado, a opulência dos bordados dourados e das flores de lis, qual Luís XVII a ver o seu reinado a ruir. Qual crise qual quê, diz a Lanvin, a Dolce & Gabbana, o inevitável Cavalli mas também os mais jovens Jason Wu ou a clássica Ralph Lauren. Fantasia e fuga para eras de ouro? Há coisas piores.