- Josep Font para DELPOZO
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Josep Font para DELPOZO
Josep Font para DELPOZO
Madrid Fashion Week
A moda espanhola, para além da Zara, é o quê?
Em Madrid não basta salero, é preciso visão. Que o diga Josep Font, em quem todos os olhos pararam no primeiro dia da Madrid Fashion Week.
Estamos no Jardim do Capricho, a banda toca, os pinheiros soltam caruma e o termómetro de Madrid esquece-se que são 19h30. Afinal, o rei morreu, viva o rei. Portugal lembrar-se-á de, há duas décadas, usar perfumes de um Jesus espanhol, Del Pozo de seu apelido, um homem de vestidos de gala e simplicidade à espanhola. Há um ano, Del Pozo morreu e o jovem catalão Josep Font perdia o direito numa batalha legal ao uso do seu nome como marca de moda. Quinta-feira à tarde, El Capricho foi palco, entre colunas jónicas, de um renascimento. Font dirige a rebaptizada DelPozo e mostrou jogo de cintura. A moda espanhola, para além da Zara, é o quê?
De cintura porque tudo se jogava ali. A ideia era romântica - "prêt-à-couture", explicou Josep Font, que já mostrou o seu trabalho várias vezes na semana de alta costura de Paris - e as flores, a renda, a moldura natural e as cores tiravam a prova dos nove. Mas tal como ver uma indústria a crescer significa ter dores de crescimento: uma grande marca de autor espanhola sobrevive à morte do seu criador, depois de uma cisão judicial em que um jovem autor perde o direito ao seu nome enquanto marca - algo que acontece frequentemente nos países com sectores de moda fortemente implantados, como França ou Itália. Em Espanha, é a primeira vez que isto sucede num curtíssimo espaço de tempo. Portanto, ver esta colecção era ver uma aproximação do velho ao novo e, um momento especial na moda de um país conhecido pela roupa barata, inspirada nas passerelles que agora se planta no início do calendário oficial das apresentações das propostas mais importantes para Primavera/Verão 2013.
E como caminhar nos sapatos de alguém não é fácil, a expectativa era grande. Estamos na recém-baptizada Mercedes-Benz Madrid Fashion Week, patrocinada pela moda rápida do grupo Inditex (Zara e companhia), a "abrir" o calendário do pronto-a-vestir para o próximo ano. A seguir vem Nova Iorque, depois Londres, depois Milão e por fim mas nunca em último, Paris. As quatro maiores. E Josep Font, nome desconhecido para a maioria dos portugueses, tinha a pairar sobre si a expectativa, “o desfile mais aguardado”, o “momento da redefinição” e outras coisas que sobre este desfile tão sintomático do que se passa hoje na moda espanhola que inaugurou a semana de desfiles.
Foco nas cinturas que caminharam à nossa frente, a começar pela top model Heather Marks, uma de muitas que irá dar salero à passerelle espanhola até dia 4. E em cada uma delas havia um caminho. Era dali que tudo partia, para um detalhe arquitectónico tipo origami a evocar as aspirações couture do criador, para uma cintura subida de umas calças em lágrima, para uns calções curtos ou para um vestido peplum - tudo construído manualmente a partir do interior, a dizer “olá” à alta-costura.
Um bolero, olé, um longo jumpsuit, um caminho do branco ao bege para o azul turquesa ou o rosa fluorescente. Uma silhueta angulosa, com vários vértices, mas cujo ponto de referência era sempre o centro de gravidade. E o resto foi Verão, dos tecidos (organdi, crepes, tules e gazes) às cores, da ráfia aos azuis que Font adjectiva como “decisivos”. O que diria a Pantone disto?
Depois, o Capricho ficou para trás, rumo à Faculdade de Arquitectura, paredes-meias com a antiga zona cool e alternativa da moda de rua madrilena - Fuencarral já não mora aqui, mas os statements em espanhol, a homenagear as artes da curtição da pele do Sul de Espanha, as questões de género e o streetwear sim (e a portuguesa Salsa também, com loja mesmo junto ao mercado que outrora era indie). Tudo cortesia da Etxeberria, também catalã, que levou todos os géneros para a passerelle em pele para homem.
Foram dois desfiles inaugurais mas fora da Feira de Madrid, que normalmente alberga os desfiles do calendário da capital espanhola. Sexta-feira arrancam os restantes 36 desfiles, já na Feira, que se prolongam até dia 4 atraindo perto de 50 mil pessoas, das quais mais de 1400 profissionais de comunicação e jornalistas estrangeiros.
O PÚBLICO viaja a convite da Mercedes-Benz Madrid Fashion Week