Com uma colecção inspirada no mundo globalizado, onde circulamos cada vez mais entre os diversos continentes, a Meam by Ricardo Preto mostrou propostas para diferentes gostos e estilos. "Nesta [minha] segunda linha quis fazer algo novo. E a colecção não é mais do que uma reflexão sobre o facto de seremos cada vez mais nómadas. As pessoas movem-se cada vez mais, o que faz com que tomem o mundo como seu. Daí que esta colecção seja feita de peças de diferentes estilos e gerações, uma espécie de ‘word mix bazaar'", disse o criador ao Life&Style.

Sedas, algodões e fazendas foram os materiais escolhidos, aos quais Preto acrescentou estampados, que misturavam aguarelas da sua autoria com paisagens de pintores clássicos e alguns desenhos a carvão. "São materiais que criamos de raiz", refere o criador, que trabalhou em conjunto com uma engenheira têxtil na criação dos estampados. Nos acessórios, destaque para os sapatos da Clays, uma empresa familiar de Barcelos com a qual Preto estabeleceu nova parceria com esta colecção. "Peguei nas formas, peles e saltos que a empresa criou e costumizei à imagem desta colecção."

A Meam by Ricardo Preto surgiu em 2010 e é uma marca que surge de uma ligação entre a indústria e o criador de moda. Para além de ser o director criativo das marcas da MeamStyle – que desenvolve colecções de homem, senhora e criança, que vão desde de linhas clássicas até à roupa de praia e que são comercializadas na Europa – Ricardo Preto teve a possibilidade de criar a sua marca mais comercial e que neste momento já tem 22 pontos de venda em França e 18 na Holanda, estando também à venda em Portugal em lojas multimarcas. Alemanha e Bélgica também já estão na calha para receber a Meam by Ricardo Preto no próximo ano.

Se Ricardo Preto se inspirou nos tempos modernos, a Storytailors foi beber inspiração ao conto regional A menina da estrela de oiro na testa – que, há cem anos, era contado no Baixo Alentejo, na Serra do Caldeirão. “Pegámos no conceito da história e adaptámo-la aos tempos modernos", disse João Branco.

A história da Storytailors tem como personagem principal uma menina, a terceira filha de um casal, que é completamente diferente de todas as outras. Vive em clausura e cresce sem nunca se ter visto ao espelho e a única forma que tem de se relacionar com a sociedade é através de uma espécie de telemóvel, através do qual se liga a uma "rede global". Neste universo virtual imagina-se livre. Comunica com o mundo exterior com o nome de pássaro aviador, nome que explica a vontade que tem de voar dali para fora.

E como é que esta história se reflecte nas roupas? "A colecção tem por base o conceito de vestido-casaco e a mutabilidade das peças. É uma forma diferente de pensar o conceito de vestuário valorizando as peças de roupa para além do investimento financeiro", explica João Branco. Assim, na passerelle, os vestidos mostraram a sua versatilidade e desfilaram ao lado de peças inspiradas nas linhas dos fatos de aviador – para fazer a ligação com o nome de pássaro aviador que a menina da história adoptou – e os acolchoados mostram o conforto que a Storytailors gosta de impor nas peças. "Esta colecção é para consumidoras conscientes, que valorizam o design, procuram ser felizes e socialmente activas", remata João Branco.

Luís Buchinho mostrou a sua colecção mais comercial, mas como uma continuação da colecção que mostrou na semana de moda de Paris e na ModaLisboa. Inspirada na calçada portuguesa, agora simplificada ao máximo, trabalhada em blocos de cores com combinações inusitadas. O resultado foi uma silhueta estreita e anatómica de contornos elegantes.

Júlio Torcato foi o único criador que na quinta-feira apresentou uma colecção masculina. A colecção partiu de um poema de Fernando Pessoa para resultar numa colecção com um look jovem e urbano: longos sobretudos em pura lã e em mohair, fatos de corte clássico de três botões e calças com duas linhas opostas (slim e baggy).