- Benoit Tessier/Reuters
- Hugo Câmara/Portugal Fashion
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Colecção Outono/inverno 2012-13
Os estudos de morfologia de Fátima Lopes em Paris
Peças justas e cintadas em que o vermelho sangue se assume como a cor predominante estão na base da colecção com que Fátima Lopes hoje abriu a semana de moda de Paris. Com o título “À flor da pele”, as peças da criadora portuguesa viram o corpo humano de dentro para fora.
Fora do Palácio dos Inválidos, uma manta cinza cobre o céu de Paris. Já dentro de uma das salas deste imenso palácio é o vermelho que reina. Sob o olhar atento de Napoleão Bonaparte, sepultado sob a imponente cúpula que coroa o monumento, Fátima Lopes trouxe a moda para o interior deste palácio, que, finalizado no início do séc. XVII, foi construído para abrigar os inválidos do exército francês. Mais de 300 anos depois, uma das salas do Hôtel National des Invalides está cheia de pessoas que vieram conhecer as propostas da criadora madeirense para o Outono/Inverno 2012-13.
“Depois de ter apresentado a última colecção na Torre Eiffel, as pessoas perguntavam: ‘E agora?’ A fasquia estava alta, mas estou muito satisfeita. Acho que conseguimos superar o que tínhamos feito até aqui. [Esta] foi a colecção mais trabalhosa que alguma vez fiz”, afirmou Fátima Lopes.
O fundo vermelho montado para o desfile tem uma cadeira branca e um violoncelo pousado a criar suspense. Serão os acordes de uma violoncelista portuguesa, em contraste com os ritmos industriais a tocar em força, a marcar o início da apresentação. A criadora portuguesa mudou as suas apostas usuais. No Outono/Inverno 2012-13 de Fátima Lopes há poucos vestidos e muitos chapéus, um acessório que explorou pela primeira vez. “Apeteceu-me. Queria fazer uma coisa diferente de tudo o que já tinha feito”, explicou a criadora.
Os cabelos entrançados junto ao crânio deixam o destaque para os chapéus ornamentados com pequenas penas, renda e pinturas coloridas. No rosto, o nude ganha uma aura dramática com pestanas coladas na linha inferior dos olhos, dando um pendor vulnerável às modelos. Quem é esta mulher que vemos desfilar? “É muito feminina, mas é forte e destemida”, explica a criadora.
Interior vs. exterior
Os materiais vão da seda à pele e pêlo de bovino – “Há anos que ninguém vê visons nas minhas colecções. Tive demasiadas chatices quando usei” – num jogo entre materiais fluidos e rígidos em que os últimos saem a ganhar. São sobretudo as peças de pele, pontuadas por pêlo colorido, que marcam a colecção da criadora portuguesa. Contudo, a inovação está na seda que recebeu prints que representam o sistema venoso. O estudo da morfologia humana continua nos collants e vestidos que foram decorados com ossos.
“Cada peça tem muitos detalhes. É talvez a colecção mais rica que já fiz, porque costumo trabalhar as formas e desta vez trabalhei tanto as formas como os tecidos”, explicou. Para criar a confusão entre o interior e o exterior do corpo humano, os prints que evocam vasos sanguíneos sobre seda foram especialmente feitos para o desfile. Um trabalho que Fátima Lopes realizou em França. “Tudo o que fuja ao normal tenho de fazer fora de Portugal. Neste momento, tenho mais portas abertas para inovar fora do país”, considerou.
A criadora portuguesa voltou a abrir o calendário oficial da semana de moda de Paris, um objectivo que é para manter por considerar que a Cidade das Luzes “é a montra do mundo”. Amanhã, Luís Buchinho e Filipe Oliveira Baptista encerram a participação portuguesa na capital francesa.
O PÚBLICO viajou a convite do Portugal Fashion