Livro
Vuitton também é arquitectura
Antes de ler as próximas linhas, veja um filme: www.youtube.com/watch?v=7zZKCfSHdBU. É uma excelente primeira abordagem a um novo livro que fala do que menos vemos quando vamos comprar uma mala: o edifício e o seu interior.
É um livro de arquitectura e de interiores, mas não nos ensina a escolher o melhor papel de parede ou a colocar uma cómoda na sala. Apresenta-nos os espaços Louis Vuitton espalhados pelo mundo, sejam lojas ou unidades fabris (numa delas há uma escultura de Joana Vasconcelos, o célebre sapato vermelho); estejam já concluídos ou em projecto (por exemplo o de Zaha Hadid para Macau, que se chamará Casa das Casas).
A arquitectura e a moda – diz a introdução – criaram nos últimos anos uma relação forte. E o que este livro nos diz é que a arquitectura pode ser o melhor meio de mostrar a moda, ou pelo menos parte dela. Na ideia da Louis Vuitton, uma marca que vende um estilo de vida tem que dar atenção ao espaço onde cria e dá a conhecer os seus produtos. Por dentro e por fora, há que ter “uma imagem consistente” que permita “compreender o luxo”.
A marca criou o seu próprio gabinete de arquitectura e, dele, saíram muitos dos projectos de construção ou renovação das lojas e fábricas. Os nomes que mais surgem na autoria dos projectos são Peter Marino e Christian de Portzamparc. Mas há outros. Além da já citada Hadid (prémio Pritzker 2004) estão lá por exemplo Juan Aoki, Kengo Kuma ou Giles Carnoy.
No livro, que saiu em Outubro, vemos perto de 300 imagens, há entrevistas com alguns arquitectos que explicam a dinâmica da arquitectura ou dos interiores que criaram, e textos explicativos dos autores (o arquitecto Mohsen Mostafavi, o crítico de arquitectura Frederic Edelmann , o escritor Ian Luna e o arquitecto e curador Rafael Magrou) sobre os aspectos físicos das construções e as ideias que levaram às estruturas.
Artigo originalmente publicado no suplemento Primus, de 17 de Novembro