Kate Middleton:
E tudo começou com um vestido azul
A nova aquisição da família real britânica foi apresentada em tons de azul a 17 de Novembro do ano passado. Catherine Middleton, ou Kate, apareceu com o anel de safira que pertenceu à Princesa Diana e um vestido navy blue da marca Issa London que esgotou em poucas horas depois do anúncio formal do noivado. O efeito Kate, que faz com tudo o que ela vista se transforme num sucesso de vendas imediato, estava lançado. Mas se o efeito Kate é comprovado com os lucros de lojas como a Topshop ou de marcas como Issa London, onde compra regularmente? Existirá um estilo Kate?
“Ela neste momento ainda não tem um estilo muito caracterizado”, avança a produtora de moda Susana Marques Pinto, antes de arriscar alguns adjectivos. “É muito clean e denota algum conservadorismo ao apostar em fórmulas seguras. Não arrisca nem um milímetro! Creio que é demasiado ‘senhorinha’ e conservadora para a sua idade”, resume a colaboradora da Moda Lisboa.
Na mesma linha, o criador Manuel Alves, da dupla criativa Alves Gonçalves, defende que “de momento o seu estilo tornou-se mais conservador. Feminino, elegante, mas muito ‘lady like’. É um estilo muito BCBG (do francês bon chic, bon genre). No passado ousou mais e tirou melhor partido da figura”.
Antes do vestido azul, das saias de tweed e dos casacos Burberry, um dos momentos mais icónicos de Kate Middeton retrata a futura princesa em roupa interior. Ou dever-se-ia dizer, de vestido transparente? Durante um desfile de moda na Universidade de St. Andrews, onde ambos os noivos estudavam, Kate exibiu a excelente forma física num vestido que revelava mais do que escondia. Terá sido nesta altura que William, sentado na primeira fila, comentou: “Uau! Kate’s hot”. Oito anos depois, todos o pensamos ao vê-la.
“Reparamos em Kate por duas razões: pela figura fantástica que faz com que tudo o que vista lhe fique bem e pelo sorriso franco e aberto”, defende a stylist Susana Marques Pinto que lhe recomenda mais o bom físico do que o bom gosto. “Ainda não vestiu nada que uma mulher de 50 anos não pudesse vestir. Eu diria até que é ‘boring’”.
A editora de moda da Vogue britânica, Lucinda Chambers, contrapõe a “boring” um outro adjectivo: adequado. “O estilo de Katherine é perfeito para o papel que ela está prestes a assumir. É clássico sem ser maçador. Acho que ela tem sido, sem ter grande consciência disso, muito inteligente na forma como se veste. As suas escolhas nunca recebem críticas negativas”.
Princesa e príncipe são palavras que ainda evocam todo um universo de conto de fadas em que Kate não se enquadra. O problema não é a falta de títulos nobiliárquicos na sua família. É a sua acessibilidade.
“Hoje em dia não há grandes diferenças entre um nobre e uma pessoa comum. No passado, os membros da família real viviam em palácios, rodeados de serventes e de muito luxo. Quase fechados numa gaiola de ouro que os separava das pessoas normais. É verdade que ainda vivem em palácios, mas agora trabalham e têm uma vida normal”, desmistifica Carmen Enríquez Medina, que durante 15 anos foi a jornalista da TVE, a televisão pública espanhola, encarregue da Casa Real.
A descer a rua de jeans e botas de cano alto ou de férias na Escócia com o príncipe William perfeitamente enquadrada no cenário rural inglês, o estilo prático de Kate perpetua-se sem exageros ou luxos. Engane-se quem pense que a noiva do príncipe herdeiro gasta fortunas em cada saída de compras. O famoso vestido azul Issa London, que provavelmente vestirá o seu equivalente de cera no Museu da Madame Tussauds antes do fim do ano, comprou-o por cerca de 350 euros. Um preço alto para a classe média, mas uma bagatela para alguém da alta.
“Como muitas mulheres da sua geração, ela faz compras nas lojas do mercado intermédio como a Jigsaw e a Whistles. A Katherine obviamente gosta de roupa, mas não é uma escrava da moda. Ela tem permanecido fiel a si e ao seu estilo ao longo da sua relação com o William e estou segura de que continuará a ser”, afirma a editora de moda da Vogue britânica.
Pela proximidade de ambas ao príncipe William e pelo calor humano que as suas figuras transmitem, a comparação com a Princesa Diana tem sido frequente. Contudo, para Carmen Enríquez Medina, que estava em Londres aquando da morte de Diana, é uma comparação um pouco forçada: “ Acho que são muito diferentes. Diana corresponde à imagem da realeza de há 50 anos atrás. A Kate é uma rapariga da classe média”.
Para a stylist Susana Marques Pinto, “a princesa Diana era muito mais simples, mais naïve. A Kate é mais executiva, mas acredito que haverá uma grande transformação da sua imagem depois do casamento”. Sem ter ascendência real, Kate tem o caminho aberto para se tornar na futura rainha ao casar-se com o primogénito do herdeiro do trono britânico. Se alguns lhe apontam alguma falta de classe no uso de expressões de rua que lhe escapam em situações informais ou por a apanharem a falar de pastilha elástica na boca, poucos são os que a consideram inadequada para desempenhar o título.
“Será que vai ter problemas com o protocolo real? Isso foi o que as pessoas perguntaram em Espanha quando surgiu Letizia. Se tens interesse e és inteligente assumes bem o papel. Claro que haverá pessoas a criticar, mas isso revela mais o despeito da realeza do que outra coisa”, defende Carmen Medina Enríquez Medina.