Praia D'El Rey Marriott Golf & Beach Resort
Uma das unidades mais emblemáticas do país celebra duas décadas. E, em ano de aniversário redondo, decidiu renovar-se. Um renascimento brindado com luxos vários, mas vivido como um hino à natureza.
Sento-me na minha varanda e os meus olhos enchem-se de luxo. Sim, é certo que sei que estou rodeada de luxo por todos os lados. Até porque este é um dos resorts deluxe com mais historial e pergaminhos do país. Mas o luxo que a minha vista alcança é outro: são os campos verdes, as falésias, o Atlântico que se estende até ao horizonte, bem enquadrado entre os edifícios que parecem servir mais de moldura do que de alojamento.
A sensação repete-se no bar, onde, além de se poder trocar dois dedos de conversa, se servem refeições ligeiras. Totalmente envidraçado, parece deixar entrar o mar, os campos e quem por estes circula, misturando-se com uma decoração em que as madeiras, orgânicas e de carvalho envelhecido, aparentemente toscas, e os tons neutros deixam os verdes das plantas brilharem.
“A ideia central do projecto [de renovação] consistiu em tirar partido da localização premium da unidade, criando uma ponte com o interior, realçando e harmonizando os espaços”, explica a arquitecta Rita Gabriel, responsável pelo atelier Filosofia do Espaço, que coordenou o projecto de renovação ao nível da redecoração dos espaços.
Quando o projecto do Praia D’El Rey Marriott Golf & Beach Resort arrancou, o local escolhido, longe dos circuitos mais movimentados do turismo, poderá ter levantado algumas dúvidas. Vinte anos depois, o primeiro resort cinco estrelas da região é local incontornável e símbolo de luxo e requinte da Costa da Prata. E a idade passou por ele só para lhe dar experiência. Já as marcas do tempo foram combatidas recentemente com este amplo e profundo projecto de renovação, devido ao qual a unidade encerrou portas durante um período no último Inverno.
“Hoje, mais do que uma unidade de luxo, somos uma extensão do destino idílico e único que é a região Oeste e, nomeadamente, a Costa da Prata, onde temos o privilégio de estarmos inseridos”, considera o director comercial do resort, Oriol Juvé de Yebra.
Quem já conhecia o Praia D’El Rey, resort cinco estrelas plantado a poucos minutos da vila histórica de Óbidos e com Peniche à vista, não irá pensar ter-se enganado no destino. Mas, sem qualquer dúvida, perceberá que, no meio desta operação de rejuvenescimento, há hoje outra estrela entre luxos vários: a natureza. Aliás, segundo Rita Gabriel, o conceito desenvolvido veio dar “ênfase à beleza envolvente”, quer “através do uso de materiais orgânicos” quer via “uma paleta cromática e de design que permite evidenciar e potenciar os elementos da natureza e os seus recursos”.
Nesta senda, há detalhes que até podem passar despercebidos. Mas também há os que se impõem e não nos deixam de chamar à atenção para esta relação com a paisagem. É o caso do marcante candelabro que nos acolhe assim que entramos no lobby a retratar um bando de aves em movimento ou da escultura, junto à recepção, inspirada nas escamas dos peixes, numa alusão aos cardumes que habitam o mar em frente ao hotel.
Jovialidade e golfe
Chegamos já noite cerrada. Mas nem por isso o brilho é menor. As luzes projectadas pelo Praia D’El Rey e com vista para o Atlântico, espalham-se pela propriedade onde este assenta. O violento rebentar da ondulação é o único ruído que atravessa a calmia da noite. Será esta a banda sonora que, em muitos momentos ao longo do fim-de-semana, parece acompanhar-nos. Mesmo quando as conversas se cruzam, os risos das crianças se tornam mais audíveis e uma musiquinha de fundo insiste em fazer-nos companhia. É que, pelo Praia D’El Rey, requinte e descontracção parecem andar de mãos dadas, criando uma aura tão exclusiva e sofisticada como alegremente jovial e familiar.
São precisamente os dois últimos que sobressaem na zona junto à piscina, voltada para o oceano, que desde as primeiras horas da manhã reúne amantes do sol e da brisa marítima trazida pelo incansável, ainda que muito bem-vindo em dias mais quentes, vento.
Já no campo de golfe, de 18 buracos, par 73, e que atrai fãs da modalidade de todo o mundo, impera a boa-disposição, mas também uma impressionante dose de concentração. O golfe é, aliás, um dos grandes trunfos deste espaço que tem no seu currículo cinco estatuetas dos World Travel Awards, duas das quais enquanto melhor resort de lazer e golfe da Europa (em 2009 e 2010). Não à toa, o Praia D’El Rey tem a sua própria Academia de Golfe.
Cada corpo, um templo
Se pelo exterior se multiplicam actividades, com os hóspedes a dividirem-se entre o campo de golfe, os courts de ténis, a piscina, a praia e os passeios, quer a pé, quer de bicicleta, dentro de portas continua a haver muito por explorar. A começar por um ginásio equipado com máquinas premium, onde é possível realizar um treino completo, sem esquecer a piscina interior, uma alternativa para quem quer dar umas braçadas sobretudo quando o tempo lá fora não sorri.
Mas a pérola escondida é um Kalyan Spa, onde cada corpo é um templo. Entrar neste espaço é como que entrar noutro mundo. Todos os ruídos ficam à porta. E, em breve, também o cansaço acumulado e os stresses que massacram os músculos nos abandonam. Aliás, ainda enquanto aguardamos pela disponibilidade de um gabinete, embalados pelos relaxantes sons da natureza que habitam uma sala de repouso, já as preocupações nos deixaram.
Entregamo-nos assim à sapiência das mãos de uma técnica cujos conhecimentos nos analisam e diagnosticam ainda antes de referirmos aquela tensão que nos pesa sobre os ombros. A massagem relaxante, que se inicia com uma breve ainda que intensa esfoliação, de forma a acelerar a renovação celular e a preparar a pele para receber os produtos aplicados durante o tratamento, não desilude.
Saio direitinha para o quarto. Ainda não é hora de dormir, mas é difícil dizer que não ao que o corpo pede. Até porque, seja a que horas for, os aposentos, de decoração sóbria e de elementos de qualidade cuidada, apelam a que nos deixemos levar nos braços de Morfeu.
Restaurante Maré
O mar à mesa
Sim, as propostas são compostas por peixes e mariscos. Mas há mais mares neste Maré, que se debruça literalmente sobre o oceano que nos serve de companhia e de música.
Com uma cozinha que se inspira em tradições tão díspares quanto a mediterrânica e a oriental, o chef Carlos Gonçalves, que no seu currículo tem passagens pelo Ritz e pelo Grande Real Villa Itália, desenhou uma carta que assenta acima de tudo em produtos frescos: desde o mais simples pão, que chega ainda estaladiço à mesa, até aos camarões gigantes, servidos ainda na chapa a ferver. A carta de vinhos é completa.
O espaço divide-se entre uma sala, com capacidade para 50 pessoas, e uma esplanada, com 25 lugares. O restaurante está aberto todos os dias: no Verão, a cozinha funciona entre as 7h e as 22h30; até 1 de Julho e entre 1 de Outubro e 15 de Novembro, entre as 7h e as 10h30 (pequeno-almoço buffet, 8€/pessoa) e entre as 18h e as 22h30, para jantares (à carta, preço médio: 25€/pessoa).
A Fugas esteve alojada a convite do Praia D’El Rey Marriott Golf & Beach Resort