Paulo Pimenta

Chuva

Um apontamento interior...

Observando, inerte, a rua preencher-se pelo dilúvio que varre toda a manifestação de existência, afogo o fulgor do quente respirar nas profundas águas da mágoa, do horror, do sossego de uma oculta satisfação de, através da caneta, revelar nestas folhas o que nem com toda a água do mar se perderia.

Graças a esta destruição, consigo revelar a mim mesmo o que a alegria espontânea ofusca constantemente. Que, por detrás do húmido e sorridente olhar se resguardam as sensações e incertezas, do porquê de sorrir sem feliz estar; de o mundo ser um eu e não um lugar.

Toda esta solidão e falta de emoção permite-me viver num mundo maior que toda esta encenação chamada realidade. Ignorar este “mais que eu” para fins de autoconservação obriga a que nos submetamos à própria ignorância que em nós geramos, quando o que devemos aprender é a superar esta limitação humana de apenas a tristeza nos trazer os raciocínios de que mais nos orgulhamos.

O meu nome é José Sendim, tenho 18 anos e sou estudante de Ciências Farmacêuticas. Sempre me interessei pelas áreas científicas e tecnológicas, mas é na escrita que encontro um refúgio.